Plantio direto eleva produtividade no Vale do Jequitinhonha

"Mãos da Transição" é um projeto inédito no Brasil e visa sensibilizar produtores com menos de 30 anos a adotarem práticas produtivas responsáveis

15/04/2025 12h35 - Atualizado há 1 semana
Plantio direto eleva produtividade no Vale do Jequitinhonha
AViV Comunicação

No dia Nacional de Conservação do Solo, escolhemos a matéria abaixo como um grande exemplo de iniciativa em benefício da sustentabilidade.

Introduzido no Brasil há 50 anos e adotado por grandes e médios produtores de commodities agrícolas, o sistema de plantio direto está conquistando também a preferência de pequenos produtores familiares. A prática do plantio sobre a palhada da lavoura anterior, unida à rotação de culturas, gera uma série de benefícios ambientais e econômicos que já foram percebidos no Vale do Jequitinhonha – uma das mais tradicionais regiões de agricultura familiar do Brasil. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, dos 51.760 estabelecimentos agropecuários na região, 38.874 (75,1%) são da agricultura familiar. Praticamente metade deles (48,61%) tem área de até 20 hectares.

É o caso de Gleici Maria Pereira Alves, que vive com a família em um sítio com apenas um hectare na Comunidade Água Limpa. Descendente de uma família de produtores familiares, Gleici formou-se como técnica em agropecuária e ouviu falar do sistema de plantio direto (SPD) há uma década, em 2015.  Mas a transição da produção convencional para o SPD só se deu em 2022. 

Nestes poucos anos de lá para cá, Gleici já percebe uma grande diferença na qualidade do solo e, por consequência, na produtividade. “Antes do plantio direto, a lavoura era menos produtiva”, comenta. “A gente perdia mais do que ganhava. Depois do plantio direto, mesmo com perdas pelos animais entrando na lavoura, a gente teve grandes benefícios”, declara.  

Gleici decidiu apostar no SPD por causa do clima seco da região, que impõe o desafio de encontrar formas de reter a umidade no solo. “O clima está muito diferente do que era antes”, diz, lembrando-se dos tempos de seu pai, que costumava elogiar a regularidade das chuvas. “Agora, muitas vezes forma mas não vem. Então isso impacta diretamente se precisarmos somente da chuva”, adverte.

Uma das vantagens do sistema de plantio direto é justamente contribuir com a retenção da umidade do solo. Protegido pela palha seca, ele fica menos exposto ao sol e também ao vento e à ação erosiva das chuvas fortes. A decomposição da palha, por sua vez, ajuda a recompor os nutrientes da terra, recuperando áreas degradadas. Aliás, é com o plantio direto que Gleice está recuperando partes de sua propriedade. Ela optou pelo cultivo do feijão em consórcio com outras culturas.  

Gleici explica que o começo é difícil – e recomenda aos produtores que não desistam: “Se for fazer pela primeira vez, vai ter que plantar direto no solo degradado; aí deixa a palha para começar a recuperar e faz a troca de lavouras: se plantar feijão, vai plantar milho”, exemplifica. “A palha vai ajudar a planta e o solo a se recuperarem”, destaca.  

Atualmente, Gleici e seu esposo produzem pitaya, banana, abacaxi, milho e mamão, entre outros, além de produzir farinha de mandioca e biju. E daqui a cinco ou dez anos, ela espera ser a maior agricultora do plantio direto no Vale do Jequitinhonha: “espero implantar mais essa prática em 2025 e passar isso para outros produtores para eles também fazerem essa boa prática”, afirma. Por isso, decidiu participar de uma campanha inédita no Brasil.  “Mãos da Transição” visa sensibilizar produtores com menos de 30 anos a adotarem práticas produtivas responsáveis, que fortaleçam e dêem continuidade aos negócios de suas famílias ao mesmo tempo em que respondem aos novos desafios do século 21. Criada pela Purpose, agência de causas, ela engloba treinamentos, cartilhas e ações de divulgação na internet e redes sociais, que são os meios de comunicação mais acessados por jovens, incluindo um vídeo onde Gleice conta sua história.

 

ONU e governo brasileiro recomendam o plantio direto 

O sistema de plantio direto (SPD) reduz custos da produção agrícola, favorece a infiltração e retenção de água no solo, protege contra a erosão e a perda de nutrientes levadas por chuvas fortes. Além disso, evita o assoreamento dos rios e enriquece o solo por manter a matéria orgânica na superfície por mais tempo, diminuindo a compactação. Esses benefícios se revertem para o meio ambiente e o clima, pois reduzem a movimentação de solo e de máquinas que geram as emissões dos gases de efeito estufa e favorecem a captura de carbono pelo solo. 

Os benefícios ambientais do SPD fizeram com que a técnica fosse uma das “abordagens inovadoras” recomendadas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO) em sua estratégia 20222031 para a mudança do clima. Também integra o RenovAgro como uma das técnicas que permite acesso a linhas de financiamento diferenciadas. A meta é que o plantio direto alcance cerca de 75% da área plantada no país até 2030.

Apesar de adequada aos atuais desafios da agricultura, a prática do plantio direto foi desenvolvida na década de 1940 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil há mais de 50 anos pelas mãos de um produtor de Rolândia (PR), que procurava por uma solução para o problema da erosão durante os períodos de chuva forte. No começo da década de 1970 ele teve contato com a técnica, que começou a testar em 1972. 

Os dados sobre a área de plantio direto no Brasil são controversos, variando entre 30 e mais de 40 milhões de hectares, dependendo da fonte. Mas não há dúvida de que a esmagadora maioria desse território seja de commodities agrícolas, como soja e milho. Porém, aos poucos os agricultores familiares tomam conhecimento de suas vantagens. Pesquisa realizada pela Embrapa mostrou que o SPD permite um aumento de 50% na produtividade da mandioca.

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FONTE: AViV Comunicação
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