Na década de 1990, o Brasil dava os primeiros passos para ser hoje o maior exportador mundial de carne bovina, com 3,3 milhões de toneladas no ano passado, cerca de 25% do mercado global. Com um rebanho de cerca de 200 milhões de animais e uma produção anual de aproximadamente 10,8 milhões de toneladas de carne, a pecuária de corte brasileira se destaca como a segunda maior produtora mundial, atrás somente dos Estados Unidos.
Antes disso, a pecuária brasileira apresentava baixa produtividade por cabeça, com animais sendo abatidos mais velhos e com menor peso em comparação com países desenvolvidos. A falta de tecnologia e pesquisa limitava o desenvolvimento da pecuária, com pouca preocupação com melhoramento genético e manejo de pastagens.
Foi a partir de 1994 que tudo começou a mudar, com a criação do grupo de melhoramento animal e biotecnologia (GMAB). O grupo é composto de pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA/USP), pesquisadores convidados, alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado), alunos de graduação e estagiários, e realiza as avaliações genéticas de vários dos principais programas de seleção de touros jovens no Brasil. VÍDEO
Naquela época, voltavam dos Estados Unidos, onde concluíram um Doutorado na Universidade de Nebraska, os coordenadores do grupo, professores José Bento Sterman Ferraz e Joanir Pereira Eler, já aposentado. Especialista em avaliação de touros de bovinos puros e mestiços e parâmetros genéticos, ele é Mestre, Doutor em Genética e Professor Titular da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), o professor José Bento também está prestes a se aposentar, após uma grande contribuição para a pecuária brasileira. O professor recebeu jornalistas que participavam do Road Show para Comunicadores do Agro, no Campus de Pirassununga, em março.
Foi um momento de retrospectiva, quando ele lembrou o início de uma história que mudou o perfil da pecuária brasileira, da qual ele participou desde o início. “Em Nebraska, estávamos ao lado dos melhores do mundo. Um deles escrevia um programa que se tornou referência mundial em avaliação genética. E eu dei sorte, porque ele escrevia e eu testava”, lembra. Quando voltamos, éramos os únicos a mexer com esse negócio aqui no Brasil.”
Naquele mesmo ano de 1994, a CFM, empresa que estava interessada em melhoramento genético para a seleção de touros, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, procurou a equipe de profissionais de Nebraska. Os professores brasileiros foram indicados. “Não tínhamos equipamentos para trabalhar.” Nesse momento, o professor ressalta a importância da parceria público-privada. “O senhor Joseph Pugli Saber importou o primeiro computador Pentium de 128 megabytes, o primeiro da USP, e deu de presente para nós, com uma impressora jato de tinta”. VÍDEO
Nos últimos 30 anos, a CFM se tornou a maior produtora de touros nelore do Brasil. Os programas de melhoramento animal foram implantados nos principais centros de pesquisa do Brasil e o GMAB virou uma referência em melhoramento genético. “Mudou tudo, o que começou lá em 1990 se espalhou e a pecuária brasileira hoje está dando muito valor às informações de genética. Video
O melhoramento genético foi uma grande virada da pecuária brasileira. A escolha de reprodutores com características desejáveis para futuras gerações, por meio das avaliações genéticas, produziu animais com maior capacidade de ganho de peso, maior rendimento de carcaças, qualidade dos produtos, melhor aproveitamento dos alimentos e adaptação ao ambiente, menor tempo para o abate e menor custo de produção. Graças ao trabalho de melhoramento animal e biotecnologia, a pecuária brasileira vem se tornando cada vez mais competitiva.
“Estamos muito mais avançados que a Europa nesse negócio, muito mais. A pecuária brasileira hoje é de altíssimo nível”. Mas, o professor ressalta que ainda tem muito a melhorar, por isso, os pecuaristas devem buscar cada vez mais animais com informações sobre seus valores genéticos para suas propriedades. “Ou o pecuarista se organiza e usa as informações existentes para aumentar a produtividade do seu rebanho, ou ele não vai conseguir sobreviver. Ele precisa ser muito produtivo”, diz. VÍDEO
O legado no Campus de Pirassununga
O legado do professor José Bento para a pecuária brasileira inclui o Campus de Pirassununga, Professor Fernando Costa, da USP, onde tudo começou. A antiga Escola, criada em 1949, pelo professor Fernando Costa, “um visionário”, foi transferida para a USP e funcionava somente com um curso secundário com 20 alunos. Vendo o grande potencial do local e a vasta área subaproveitada, os professores se mobilizaram por mais atenção para o local. Com isso, foi criado o Campus. “Pouco depois, nós criamos a faculdade de zootecnia”.
Hoje, o Campus abriga ainda a Faculdade de Engenharia de Alimentos e atende a estudantes, pecuaristas, indústrias e representantes de outros elos da cadeia do agronegócio. São mais de 2200 hectares de área total, sendo aproximadamente 1000 ha de pastagens tropicais, 300 ha de culturas anuais, além das instalações para rebanhos de bovinos de corte e leite, suínos, equinos, caprinos, ovinos, búfalos, coelhos e peixes, um matadouro-escola e um lacticínio. “Hoje, o Campus de Pirassununga Professor Fernando Costa é um importante centro de pesquisa em diversas áreas, com uma equipe muito forte na área de produção de embriões de bovinos”, conta o professor José Bento.
Os últimos 31 anos foram um ciclo de grande contribuição para a pecuária brasileira, com centenas de alunos, profissionais treinados e um vasto volume de informação sobre o melhoramento genético animal à disposição do setor produtivo. “Agora vou parar com a universidade, já tenho um substituto. Vou me dedicar à consultoria”, diz o professor José Bento, com a tranquilidade de quem contribuiu muito para o excelente resultado da pecuária brasileira. Missão cumprida.
Saiba mais sobre o Programa de Melhoramento Genético da Agro-Pecuária CFM
Desde 1994, os geneticistas Joanir Pereira Eler e José Bento Sterman Ferraz, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), da Universidade de São Paulo, são responsáveis pela avaliação técnica do programa de melhoramento genético da CFM.
O programa de melhoramento da CFM tem o maior banco de dados individual de avaliação genética de Nelore do País com mais de 600 mil informações de animais desmamados, o que confere muita confiança aos dados e resultados do seu rebanho. Em conjunto com a equipe da FZEA USP, a CFM foi uma das primeiras empresas a selecionar para precocidade sexual as novilhas Nelore em regime totalmente a pasto. A partir de 1994, passou a desafiar das novilhas aos 14/16 meses de idade com excelentes resultados, aumentando a rentabilidade da pecuária de corte. Mais recentemente, a CFM também passou a utilizar as ferramentas de análise de DNA e marcadores moleculares para formação de banco de dados interno e uso desta técnica para identificação de paternidade dos lotes de reprodutores múltiplos.
A Agro-Pecuária CFM já comercializou cerca de 48 mil touros Nelore CEIP desde o início do programa de seleção, na década de 1980, reforçando a posição de liderança no mercado de reprodutores no Brasil. Os reprodutores foram comercializados para todos os estados brasileiros e o Paraguai. Cerca de 60% dos touros são vendidos para pecuaristas que voltam às compras e que, muitas vezes, adquirem a genética CFM todos os anos.
Os reprodutores Nelore CFM são certificados pelo CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), chancela do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para os touros comprovadamente superiores.
O programa de melhoramento genético da CFM foi pioneiro na seleção baseada em características econômicas e foi o primeiro programa brasileiro a obter o reconhecimento do MAPA.
A CFM foi pioneira na comercialização de reprodutores Nelore com 24 meses de idade e revolucionou a forma de comercialização, sendo a primeira empresa a realizar leilões de grande volume de animais avaliados e certificados (Megaleilão). A empresa tem vários touros em coleta e comercialização de sêmen pelas Centrais de Inseminação nas quais já foram produzidas para própria CFM ou vendidas ao mercado mais de 1.600.000 doses de sêmen de seus reprodutores.
O rebanho atual da Agro-Pecuária CFM é de 25 mil cabeças, distribuídas em propriedades em Mato Grosso do Sul.
Site: www.agrocfm.com.br / instagram.com/agrocfm